quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Novo número do BI

Apesar de algum atraso, o número 98 do Boletim Informativo da TMSM está prestes a sair e com um design reformulado. Para aguçar a curiosidade deixo aqui o seu editorial.
"A tradição continua a ser o que era. O S. João foi uma vez mais uma festa eminentemente popular, onde a folia e a alegria em contraste com a crise, transbordou de animação com os martelos a baterem com mais força, num sentimento de raiva pelo país tão mal governado que temos.
Foi uma noite onde por algumas horas o povo esqueceu os BPNs, os BPPs e a política da “tanga” a que os políticos já nos habituaram.
Saltar a fogueira foi um acto menos temerário do que enfrentar a crise que nos assola e que nos retira a esperança de uma vida melhor.
Foi o S. João do Porto e de Gaia também, com as ruas apinhadas de gente de martelo em punho, martelando o seu semelhante com a garra como se estivessem a bater naqueles que nos governam, esses sim, a precisarem de umas boas e muitas marteladas!
Depois veio o fogo, espectáculo muito apreciado pelos amantes da pirotecnia que iluminam o céu e dão uma beleza rara ao casario.
Sardinhas, também as haviam, mas a preços fora do orçamento familiar e impróprias da crise que atravessamos. Mas havia animação, sim, havia! Quanto mais não seja como tubo de escape de um povo sofredor que anda há muitos anos de crise em crise.
A esta crise dizem os entendidos, ela é mundial, o governo não tem culpa, dizem os comentadores. E as crises anteriores provocadas pela obsessão do défice? De quem é a culpa?
O desemprego a rondar os dez por cento, as falências sistemáticas, uma dívida que nos come cerca de sessenta por cento do PIB, para onde caminha este país.
Mas deixem lá. Viva o S. João! Pena que o Santo não faça milagres, pois estávamos bem a precisar de um bem grande.
Com crise ou sem ela, a festa a S. João é vivida pelo povo de uma forma invulgar, onde a democraticidade de dar e levar com o martelo é sui generís…
Martelos, alhos-porros e cidreira são as ferramentas necessárias para se comemorar este dia. Ah! Esquecia-me dos balões. Com eles lançamos a esperança de que se mantenha no ar com mais facilidade com que nós nos mantemos na terra!

S. João, Santo tripeiro
Nos dai hoje a vossa graça
Mandai o governo embora
Antes que caiámos em desgraça

O S. João das cascatas, dos namoricos e promessas, é um bálsamo para a juventude que sem o horizonte de um futuro promissor, faz uma pausa para esquecer neste dia a falta de emprego e as políticas de educação.

Meu S. João do Porto
Promete a este povo tripeiro,
Que o futuro será risonho
Sem pessoas como o Rendeiro.

S. João atenta bem nisto
Tua festa é animação
Mas antes houve uma outra
O Porto Tetra Campeão…

Raia a aurora. Sonolentos, os portuenses regressam a casa fatigados de tanto levarem marteladas, o que para eles não é coisa nova, já estão habituados a que lhes batam de todas as formas.

S. João vou-me embora
desta festa levo recordação
de ser o único dia no anoque me sinto folião…"

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